sábado, 13 de junho de 2009

Palavras


Joan Scott fala que a tarefa de mudança do significado dos termos é fadada ao fracasso. Lingüístas franceses e ingleses fracassaram na tentativa. A verdade é que certas palavras são usadas freqüentemente para atingir de forma violenta muitas pessoas. Venho pensando bastante sobre o assunto há algum tempo e percebo que alguns termos ofensivos deveriam ser encarados como forma de representação. Bicha, sapatão, gilete, trava e alguns outros que se referem à pessoas LGBT's não deveriam mais ser vistos como simples xingamentos em alguns casos.

Conheço muitas meninas que abonimam a palavra lésbica, preferem ser chamadas de sapatão ou fancha, por exemplo. E meninos que se intitulam bichas, viados e outros "termos depreciativos". Estes léxicos representam, socialmente, aquilo que chamamos de esteriótipos. Ao proferir uma destas palavras a alguém espera-se que elas tenham a força de destruir qualquer pingo de respeito que por ela se possa nutrir. Elas são aquilo que é o exagero, o não aceitavél, a chacota, o ridículo... o esteriótipo.

Esteriótipo. Tenho escutado muito este termo nos últimos dias "não gostaríamos de esteriotipar a coisa" "devemos lutar contra o esteriótipo que se espera dos gays" "esteriótipo isso... ou aquilo". Com certeza um de nossos termos mais vulgarizados!

Este termo vem sendo usado como arma na subordinação de algumas identidades sociais sem que as pessoas se dêem conta disto. É comum numa discussão sobre identidades LGBT's dizer que determinados indivíduos são esteriotipados, que determinados comportamentos são esteriótipos e que devem ser combatidos pois são nocivos. Travestis, pintosas e butches são os principais alvos desse tipo de crítica.

Olá? Será que as pessoas não percebem que o que chamam de esteriótipo é na verdade uma identidade indivídual? O problema é que, a maioria, não sabe como lidar com seus constrangimentos e transfere ao outro esta responsabilidade. Numa sociedade onde nossas identidades são controladas e ensinadas de forma a se manterem no padrão dominante, os LGBT's não ascépticos precisam ser combatidos e denunciados como farsas e responsáveis pelos procedimentos de discrimição do resto da sociedade.

São homens, mulheres, travestis, transexuais, bissexuais e outras expressões que precisam deixar de ser encarados com esteriótipos e passar a ser respeitados dentro de suas individualidades. A grande questão nestes casos é que, são estas pessoas, as responsáveis por escacararem as outras formas de ser numa sociedade violentamente heteronormativa. Elxs são constragedorxs porque estão ali reinvidicando o direito de ser delxs e de outrxs. Outrxs que muitas vezes são agentes ativos dessa transformação de individualidades em esteriótipos!

É bom lembrar, principalmente a muitos LGBT's, que forma estes "esteriótipos", os responsáveis por muitas das conquistas na luta por direitos e por sermos quem somos.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Drops

A nova seção do Blog que traz informações rápidas dos assuntos mais comentados durante a semana.

Parada do Orgulho de São Paulo

A Parada da Diversidade de São Paulo, considerada a mior do mundo, acontece no próximo domingo, 14 de junho. Diferente de outras edições do evento, este ano a parada não terá entre seus 20 trios elétricos. 1200 militares farão a segurança do evento juntamente com 420 seguranças particulares. O orçamento deste ano é de $ 760 mil reais.

Príncipe Indiano


Mandreva Gohil

Como divulgado em post anterior, o Príncipe Indiano Manvendra Singh Gohil, 43, estará no país e participará da Parada em São Paulo. Manvendra é responsável pela ONG Lakshya Trust, fundada no ano 2000 e que atua na prevenção de HIV/Aids.

Programação Cultural

A Associação dos Amigos da Parada preparou uma super programação para esta semana! 200 mil pessoas passaram pela Feira Cultural organizada ontem, 11 de junho, no Vale do Anhangabaú. Além da feira, a cena GLS da cidade ferveu durante toda a semana com opções para o público LGBT.


Transexuais e Travestis

As identidades "T" ganharam um posto de saúde em São Paulo! É um espaço ao lado do
Núcleo de Doenças Sexualmente Transmissíveis do Centro de Referência e Treinamento (CRT/Aids), na Vila Mariana, Zona Sul da capital paulista. Nele Travestis e Transexuais receberão atendimento de uma equipe de profissionais especializados e preparados para trabalhar com o grupo. Que venham outros em outras cidades! E que sejam disponibilizados cursos de especialização ao atendimento médico à este grupo que ainda sofre muito constrangimento na rede de saúde do País.

Filha da cantora Cher inicia tratamento de resignificação


Chaz iniciou o processo de ressignificação

Chastity Bono, 40 anos, filha de Sonny Bono e Cher, iniciou os processos de transgenitalização. Ativista dos direitos LGBT's Chaz, que é advogado, está muito feliz com a decisão de acordo com suas fontes oficiais. Chaz assumiu sua homossexualidade aos 20 anos ainda com Chastity e ficou quase 10 anos afastax de sua mãe. Agora, aos 40, espera servir de exemplo para muitxs transexuais ao assumir sua verdadeira identidade.

E pra terminar

De forma geral a cobertura do caso de Chaz deixou muito a desejar. Nem mesmo blogs voltados ao público LGBt's souberam tratar do assunto. Muita chacota e pouco entendimento sobre a identidade transexual foi o que se pôde observar. Claro que houve quem conseguiu tratar o assunto de forma consciente.

A grande mídia, e muitos veículos LGBT's, devem ficar atentos ao falar sobre as paradas de diversidade. Não se tratam de paradas gays e sim paradas da diversidade. Fica dica!

Dia 12 de junho, dia dos namorados, vi apenas um programa, na tv aberta, apresentar um casal não heterossexual.



De volta...


Pessoas passei muito fora do ar... andava preguiçoso para escrever. Não pensem que cogitei acabar com o blog, em absoluto! O considero um importante instrimento na minha luta pró-LGBT's! não importa o número de pessoas que o lêem, o importante é que é lido!

domingo, 17 de maio de 2009

Dia Mundial de Combate a Homofobia!

Pessoas hoje, 17 de maio, pessoas em todo mundo estão se reunindo para manisfestações pelo Dia Mundial de Combate a Homofobia. Como todxs sabem homofobia é a aversão contra LGBT's. Essa postura gera diariamente violência gratuita contra pessoas em todo globo. Agressões fisícas, morais e psicológicas além de outros tipos de violência e, em alguns casos extremos, mortes, são consequências de uma sociedade homofóbica que se acostumou a aceitar a violação do direito a dignidade de milhões de indivíduos devido as suas orientações sexuais.

Foi em 17 de maio de 1990 que em assembléia geral a Organização Mundial de Saúde aprovou a retirada do" homossexualismo" da classificação internacional de doenças (CID), declarando que Homossexualidade não é doença distúrbio ou pervesão.

Chega de fechar os olhos, chega de sermos omissos! São pessoas que estão sendo violentadas em seus direitos indivíduais em nome de uma moralidade, em nome de um deus punitivo, em nome de valores construídos em cima de falsos pilares.

Peço a vocês que assinem o abaixo assanido pela PLC 122 acessando o link

Não Homofobia!

Precisamos acabar com essa impunidade!

terça-feira, 12 de maio de 2009

Sobre pessoas e suas opiniões...


Eu tenho um amigo que diz "eu já sou bonito, não preciso ser inteligente!", infelizmente nenhuma das duas afirmativas é verdadeira. Ele nem é bonito e sim você precisa ter conteúdo sim! Sua beleza, se é que você tenha alguma, será notada assim que você chegar aos lugares mas ficará apagada no decorrer dos eventos assim que você parar para conversar e perceberem que você não tem nada a oferecer.

Estaria eu dizendo que temos que ter opinião sobre tudo? Que pessoas bonitas são burras? Começo respondendo pela última. Apenas peguei esta frase para tentar desenvolver meu pensamento a respeito de alguns acontecimentos dos últimos dias. Obviamente não acredito que quanto mais bonito mais tapado você seja. Não vivo em um filme teen. Também não acho que se deva ter opinião sobre tudo e, menos ainda, que determinadas opiniões sejam explicitadas.

Em conversas sobre assuntos cujo meu ponto de vista é retrógrado e preconceituoso prefiro sair com "Não sei o que pensar sobro isto" ou "Prefiro não dizer nada". Ter, ou melhor, dar opinião sobre tudo pode ser tão perigoso quanto não ter sobre nada.

Há duas semanas, mais ou menos, durante o concurso que elegeu a Miss Eua uma das finalistas ao ser quetionada sobre o que achava do casamento entre pessoas do mesmo sexo respondeu que não tinha nada contra - vocês já perceberam como essa frase neste contexto, quase sempre, vem seguida de mas? -, mas que casamento é entre opostos. Este episódio gerou manchetes durante um bom tempo. A senhorita que fez o pronunciamento era a favorita ao título e, de acordo com muitos, sua derrota se atribui a essa frase.

Já esta semana outro pronunciamento, também neste sentido, foi dado durante a escolha da Miss Botsuana, pequeno país da África. Neste caso a candidata foi aplaudida e ao fim da competição foi coroada Miss. Em Botsuana a homossexualidade masculina é punida com até cinco anos de prisão! O que poderia ter sido o fim em uma competição gerou pontos a favor.

Esses concursos são para premiar beleza por isso, muitos, sempre ficam com os pés atrás durante os blocos de pergunta. Todas ensaiadinhas, a maioria das respostas conhecidas (Deus, família e paz), sorrisinhos e tchauzinhos contidos. em alguns países as Misses são uma espécie de símbolo nacional. Participam de campanhas sociais, levam sua cultura a outros lugares. Têm uma posição privilegiada que serve de inspiração para muitas garotas. Declarações como essas são incrivelmente negatvas para os movimentos LGBT's ao redor do globo!

Claro que as diferenças culturais entre os dois países citados justificam as diferenças nos resultados. Cinco estados estadunidenses já apoiam o casamento homoafetivo e por mais que se tenha alguma coisa contra este arranjo poucos querem ser constrangidos por suas opiniões, diferente de Botsuana onde, ser gay masculino mais exatamente, é crime. Mas no fim não há diferença... nos dois países muitas pessoas certamente compactuam da mesma opinião e vê-la publicamente em um evento de grande repercussão é satisfatório.

Incrivelmente por mais repugnantes que as duas declarações tenham sido eu prefiro assim, sabia? É melhor alguém chegar e falar " Não sou a favor"ou "Não gosto de gays" que aqueles que se escondem o tempo todo atrás de uma pseudo aceitação para parecerem politicamente corretos. Não quero com isso justificar essas declarações ou que esse tipo de postura não é homofóbica, apenas prefiro saber com que pessoa estou lidando.

Acho que as duas fariam um bem muito grande se apenas mandassem seus tchauzinhos e beijos contidos e, por mais que não concorde com meu amigo, elas poderiam ser apenas bonitas ao responder estas perguntas.


quinta-feira, 23 de abril de 2009

Erecom Belém 2009


Pessoas acabei de chegar de Belém - ou Belhém como dizem alguns -, do Encontro Regional dos Estudantes de Comunicação 2009 e voltei bastante contente com o que eu vi!

Primeiro esse foi sem dúvidas um dos encontros mais bem organizados que eu já participei; segundo o povo entendeu que festa é festa e não palanque político e se jogou com tudo no fervo!!! (Camilhinha morra de felicidades com essas palavras!) e terceiro, e mais importante, esse foi o encontro onde gays e lésbicas mais ficaram a vontade para realizar suas vontades e desejos dentro dos espaços do encontro sem a necessidade de saídas furtivas para cantos escuros longe dos olhares alheios.

Claro que alguns particpantes, gays e não-gays, não ficaram muito a vontade com essa visibilidade toda, mas ao longo dos dias os olhares de incredulidade, os cochichoos e muxoxos de desaprovação e os dedos apontados foram diminuindo ao patamar da quase invisibilidade. De acordo com alguns amigos o Erecom mais parecia o Enuds (Encontro Nacional Universitário de Diversidade Sexual), que, coincidentemente, aconteceu há 6 meses atrás também na UFPA.

Mas como nem tudo são flores não posso deixar de apontar o GD de Sexualidade, Gênero e Opressões como um ponto a ser reavaliado para os próximos encontros. Os facilitadores, o Milton do Orquídeas e duas professoras que não recordo os nomes agora, foram muito felizes em suas falas, entretanto não há como haver uma discussão proveitosa e aprofundada sobre os temas uma vez que eles são muito amplos e aspectos deixam de ser contemplados em um Gd que gira em torno de três temas. A sugestão é que se façam Gd's específicos sobre sexualidade e gênero e outros sobre classe e raça.

Também notei a necessidade de formação de grupos para a discussão das temáticas de diversidade sexual nos cursos de comunicação. Algumas falas explicitaram bem a falta que esse tipo de organização faz uma vez que alguns preconceitos foram sendo reativados sistematicamente através de exemplos e inferências.

Mas nem isso conseguiu ( e olha que o Milton e o Ramom são testemunhas de como eu sai do sério) fazer com que eu não aproveitasse todos os momentos do Erecom. Todas as bagunças no quarto, as festas, as oficinas que participei, a bebida, o cigarro e os amigos novos, antigos, de perto, de longe... Vinny, Duda e Osmar vocês foram lembrados sempre! Jamira foi ótimo te ter por perto esses dias amiga você foi parte importante dos meus momentos felizes nesse encontro!

Agora é esperar por Fortaleza...




sexta-feira, 3 de abril de 2009

Hijras

Eu acho, particularmente, a novela Caminhos das Índias um saco. A única coisa que vale a pena nesse folhetim é a oportunidade de apreciar a cultura indiana. E mesmo esse ponto de ancoragem e luz no fim do túnel fica apagado numa trama confusa e caricatural com seus personagens que beiram ao inverossímil. Mas deixemos de lado o enredo megalomaníaco de Gloria Perez, afinal, esse não é um texto sobre seu atual trabalho, e vamos falar sobre xs Hijras.

Muita coisa se fala sobre esse grupo, que teria como equivalente ocidental a identidade transexual, mas pouco se sabe sobre eles fora da Índia. Aliás, no país, até as cenas dos casamentos da novela das 20h poucas pessoas tinham ouvido falar sobre xs Hijras.

De acordo com a tradição indiana elxs não seriam homens nem mulheres e sim o terceiro sexo e credita- se a elxs o poder de abençoar ou amaldiçoar, por isso em seu país - encontrei relatos de sua aparição, também, no Paquistão, na Índia elxs se concetram ao norte -, a violência contra essa representação é vista como mau augúrio.

Quando chegam a casamentos ou batizados, o que fazem com muita música e dança e sem terem sido convidados, ficam pouco tempo e levam suas bençãos em troca de pagamento de prendas ou dinheiro que geralmente são pagos uma vez que se acredita piamente em seus poderes.

Mas quem são e como se tornar um Hijra?

Na Índia, com a obrigação dos casamentos por questões sócio-culturais, a impotência masculina é vista como uma grande desonra para um homem, que com receio da vergonha social, por não procriarem, oferecem suas genitais para a deusa Bahuchara Mata e dessa forma realizam a castração.

Há muito séculos esses rituais acontecem. Atualmente os pais, ao perceberem traços de feminilidade em seus filhos ou deformações em sua genitais os entregam nas casas de Hijras para que possam crescer como ux delxs e assim viver o destino reservado aos efeminados.

Como não são consideradxs gays não sofrem a mesma discriminação que esse grupo. Há também uma representação parecida, mas com algumas particularidades, na Polinésia Francesa (se não estiver enganado!). Vou dar uma pesquisada e escrevo sobre elxs numa outrasoportunidade.

Falando em gays e Índia...

... de acordo com sites nacionais o príncipe indiano, e gay assumido, Manvendra Sing Gohil, 43 anos, estará em São Paulo para participar da Parada do Orgulho. Conhecido como Pink Prince, por morar em uma castelo rosa, foi casado e sseparou-se no fim dos anos 90. Ele saiu do armário em 2006 quando foi deserdado pelos pais mas, reataram, após um entrevista do príncipe à apresentadora Oprah que causou boa impressão.

Ele também é responsável por uma fundação de ajuda à pessoas com HIV/AIDS e diz que procura um amor, mas que está difícil arranjar um em seu país devido sua posição - ele acha que os prtendentes estão de olho em sua posição - e diz que é impossivel uma parada como a do Brasil em seu país devido as convenções sociais e diz que devido a obrigação do casamento muitos gays vivem infelizes, inclusive nas famílias reais.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Troca de Família

O reality Troca de Família da Record, traz nessa semana história de uma dominatrix que troca com uma mãe do pantanal! O programa é um dos melhores no ar desses tempos, muito bem produzido, fotografia boa, edição boa, um lusho só!

Vale a pena conferir. O próximo capítulo é quinta-feira e promete! Pelo que vi hoje a coisa tá tensa e a Vera, que é que foi pra casa dos fetichistas, está muito desconfortável nesse novo mundo! Essa é uma boa oportunidade para descobrir um pouco mais do mundo sadomasô.

Vamos ser ridículos! Vamos nos vestir de mulher!


Faz tempo que não escrevo nada, ando meio preguiçoso e cheio de coisas pra fazer. Combinação explosiva essa, vocês não acham?

Na última semana o grande assunto no mundo do futebol não foram as grandes contratações ou a atuação de Ronaldo, e sim, um vestido rosa. Isso mesmo, um vestido rosa usado nos treinos do Figueirense.

De acordo com o que foi noticiado os jogadores do time fizeram um acordo de que, aquele que treinasse mal num dia usaria o vestido no treino seguinte como forma de castigo. A técnica do time foi classificada com ineficiente e mico, mas não lembro de ninguém falando que se trata de uma agressão.

No documentário Como diz a biblía, há uma cena de um filme, com o Denzel Washington, em que um treinador, como forma de humilhar seus jogadores, após uma derrota os chama de "menininhas". Essa postura não é apenas ficcional, na verdade é bastante utilizada seja entre os profissionais ou nos times escolares. O que ninguém questiona é que esse tipo de atitude não é apenas uma forma de desmoralizar um menino ou homem mas é, também, uma violência terrível contra o feminino.

Vivemos em uma sociedade onde o feminino é sempre visto como o menor, o fraco, o subordinado, o passivo e tantos outros adjetivos de desqualificação que possamos imaginar. A forma de maior humilhação para um garoto ou homem é ser taxado de mulher ou de alguma coisa que o aproxime do ser feminino. Essa é uma coisa que já esta, infelizmente, institucionalizada.

No carnaval por exemplo, os blocos invertidos, são blocos onde não há homens vestidos de mulheres, mas homens que se permitem ridicularizar através de signos femininos. Se vestir de mulher nesse caso nada mais é do que uma chacota. Os trejeitos, as roupas, a pintura, tudo ali é usado de forma a colocar aquele que topa essa brincadeira numa situação ridícula.

Inclusive este carnaval, numa publicidade de cerveja, aparece uns caras vestidos de mulher na hora em o off diz "No carnaval podemos ser ridículos.". Ridículos é isso! Ser feminino em nosso país é ridículo. Temos que ser brutos, é isso que vale. É esse o correto.

Tá na hora de começarmos a ter posturas mais duras em relação a esses abusos. Alguns poderão até dizer que eu preciso de um pouco mais de bom humor, mas não é isso, humor eu tenho, mas algumas coisas precisam ser vistas e ouvidas com um pouco mais de atenção.

Agora uma coisa eu não entendo: Será que um vestido rosa vai fazer os jogadores melhores? Eu pergunto isso porque acho estranho que até hoje muitos deles, mesmo usado gloss, esmalte nas unhas, creminhos e uma pá de frescuras continuem jogando mal.

O quê? Vocês nunca perceberam como o mundo do futebol anda feminino? Em que mundo vocês vivem?



sexta-feira, 6 de março de 2009

Sobre aborto e direitos das mulheres


Essa semana um fato ganhou destaque na imprensa nacional. Um homem foi preso em Alagoinha, interior de Pernanbuco, por supeita de abuso sexual contra sua enteada de 9 anos. A violência só foi descoberta após a menina ter sido levada a uma consulta médica para tratar de dores na barriga. Na consulta veio a surpresa: constatação de gravidez de 15 semanas e de gêmeos.

De acordo com a polícia a criança era abusada desde os 6 anos de idade. Descobriu-se também que o padastro abusava de sua outra enteada de 14 anos. Ele foi preso em um matagal quando se preparava para fugir para Bahia.

Há algum tempo eu venho querendo escrever sobre aborto mas, venho adiando, achava que não devia escrever por escrever. Falar sobre aborto implica em falar sobre uma série de questões que o permeiam, muitas delas, espinhosas e conflitantes. Por isso tenho esperado o momento certo para escrever sobre.

Primeiro quero deixar claro que sou a favor da legalização da prática no país. As mulheres que optam pelo aborto devem ter o direito de fazê-lo com toda segurança e não mais se submeterem a ilegalidade que faz com muitas percam suas vidas em clínicas clandestinas. Hoje no Brasil aborto legal só em casos de estupro, risco de vida para a mãe e bebês anecefálos e, ainda sim, depois de uma burocracia imensa.

Em segundo lugar mesmo sendo a favor da legalidade em qualquer caso, não concordo integralmente com a adoção dessa medida. Acredito que é preciso, em algumas situações, mais responsabilidades nas relações sexuais. Não dá mais pra aceitar, e acreditar, que as pessoas não se previnam. Camisinha e metódos anti-contraceptivos estão a disposição da população e servem, principalmente, contra DST's. Opnião pessoal que não interfere na forma como analiso a coisa.

Os números mostram que a cada ano mais mulheres morrem em clínicas cladestinas em todo país ao recorrerem ao aborto. Muitas dessas clínicas não oferecem nem segurança e nem profissionais capacitados para realização do procedimento. O número de casos onde o aborto é bem sucecido é ínfimo em relação as complicações e ao número de óbitos. Obviamente que as mulheres que mais sofrem essas consequências são as com menor poder aquisitivo- não quero aqui entrar em uma discussão muito recorrente sobre vista grossa ao aborto nas classes mais altas -, e com menos instrução.

As complicações ocasionadas por essa ilegalidade causam, além de traumas físicos, constragimentos morais às mulheres que procuram o sistema de saúde pública para atendimento e tratamento de abortos que deram errado. Aqui faço uma resalva e chamo atenção para a violência que muitas mulheres, que sofrem aborto espontâneo, são submetidas no SUS. Muitos profissionais da saúde, independente do cargo ou posição, simplismente por preconceito tratam as pacientes como as mais vis criaturas da face da terra e as pressionam para "confessarem" que na verdade abortaram. Nada justifica esse comportamento. Aborto não é tão simples. Seja ele espontâneo ou não essas mulheres não podem e nem devem ser tratadas de forma humilhante nos hospitais públicos do país.

Também não há porque aceitar a intromição de organizações, religiosas ou não, nesse assunto que diz respeito apenas a mulher. Temos exemplos de casos onde, pricipalmente a igreja católica, emperra o processo, causando ainda mais constrangimentos, na tentativa de barra na justiça o procedimento. Alguns anos atrás a igreja consegui protelar na justiça o procedimeto em uma mulher que gestava um bebê anecefálo. A mulher dizia que estava apavorada por não podia imaginar como seria aquela criança e queria abortar porque começou com pesadelos em que seu filho nasceria com deformações.

Teve também o caso de uma mulher cuja decisão judicial pelo aborto saiu após ela ter tido a criança e ter falecido. Além do caso do padre que foi para frente de algum lugar que não lembro com algumas crinaças e questionava se elas, cujas mães haviam sofrido estupro, eram aberrações. Constrangimento duplo!

No caso dessa semana a igreja, na pessoa do arcebispo de Olinda e Recife, também se manisfestou e como não impediu o aborto excomungou todos os envolvidos com exceção da criança. Constata-se aqui mais uma forma de poder exercido sobre as mulheres e seus corpos. Não basta o Estado eleger quais casos podem ou não realizar aborto, tirando da mulher essa escolha, tem também a interferência religiosa, que precisa ser barrada em assuntos de estado, afinal somos um país laico! E só uma pergunta: cadê o livre arbítrio que ela tanto prega?

No caso de um aborto, há não ser que tenha realizado o procedimento, um homem nunca é condenado! E antes que alguém diga que homem não engravida lembro que a espécie humana não se reproduz por partenogênese! E que se fossem investigados descobriria-se que muitas mulheres que comentem aborto foram abandonadas! E acho que não preciso explicar muita coisa com o que quero dizer com isso.

O uso do recurso da excomunhão foi bem baixo, né? Utilizar-se dele em uma país onde a população professa sua fé, independente da crença, de forma tão calorosa é no minímo apelativo. O mais engraçado é que ao ser questionado sobre a excomunhão do padastro e abusador o arcebispo disse que ele cometeu um pecado gravissímo mas não ia ser excomungado porque a igreja não prevê excomunhão nesses casos e que o aborto era um pecado mais grave que o dele! Xocrível, não? Será que mandar ele tomar no cu me excomunga também ou será que eu tenho que ser mais escroto que ele e sua declaração?